Pra expandir seus horizontes e te tirar da página em branco
sobre nutrir a mente criativa
Para onde você iria se fosse convidada por você mesma para um passeio? O que faria? E não vale ser um passeio com amigas, nem curtir com o parceiro, filhos ou sobrinhos. É um passeio só seu, exclusivamente seu.
Essa é uma das atividades propostas no livro O Caminho do Artista, da Julia Cameron, e foi um exercício que mexeu profundamente comigo.
Este livro se tornou uma referência quando o assunto é criatividade e desenvolvimento pessoal. Cameron apresenta um programa de 12 semanas, cada uma focada em temas específicos que ajudam a desbloquear a criatividade. Além disso, oferece exercícios práticos e reflexões que visam recuperar ou aprimorar essa capacidade criativa.
Um dos principais exercícios do livro é o "Encontro com o Artista", uma atividade semanal que convida você a ir a algum lugar sozinho, explorando ou fazendo algo que alimente sua criatividade e inspiração.
A proposta de Cameron é que esse exercício ajude a encher sua "reserva interna" de imagens e entusiasmo, nutrindo a mente criativa.
Ela ressalta que esses passeios não precisam ser grandiosos ou caros; pode ser uma simples caminhada, uma visita a uma loja de antiguidades, ou até uma hora em um café, apenas observando o movimento ao redor.
A ideia é se conectar com o mundo, suas curiosidades e belezas, sem pressões, apenas absorvendo tudo ao seu redor. Isso recarrega as baterias criativas e traz inspiração nas pequenas coisas do cotidiano.
Cameron propõe que a gente escolha algo que nos encante ou estimule. Ela explica que seria como sair pra brincar, ou seja, pra nos divertir! Nada muito rigoroso.
Confesso que, embora parecesse simples, o exercício foi muito desafiador.
Tenho dois filhos (na época, eles eram mais novos) e sempre associei momentos de lazer a saídas com amigas ou a um vale night com meu marido. Embora também gostasse de fazer coisas sozinha, acabava sempre aproveitando para resolver algo – uma ida à feira, uma compra necessária.
Mas Julia Cameron é clara: esses passeios não devem estar relacionados a tarefas ou obrigações. Eles são para você, para se divertir, sem propósitos práticos.
Decidir o que fazer nesse passeio foi algo que me pegou de surpresa. Eu que sempre me considerei uma pessoa resolvida, que fazia programas legais, me vi perdida.
Onde eu realmente queria ir? O que eu gostaria de fazer sem ter que resolver nada?
Morando em uma cidade como São Paulo, cheia de opções, travei.
E esse bloqueio foi revelador.
Não foi fácil decidir onde eu me levaria. Afinal, o que eu queria de verdade? Eu já não sabia mais quem eu era ou do que realmente gostava.
Depois de muito refletir, percebi que existiam coisas que sempre quis fazer, mas que nunca encontrava tempo nem dava a devida importância. Foi no ritmo de tentativa e erro que comecei a reservar, semana após semana, esses encontros comigo mesma.
Esses passeios me mostraram quem eu sou, quem eu havia esquecido de ser e até quem eu nem era mais.
Foram momentos de redescoberta, de investigação, de entender onde minha alma gostava de estar - e o que ela não gostava de fazer. Sozinha.
Aprender a me levar pra lugares legais foi como reaprender a dançar: o corpo já não é mais o mesmo, mas devagar ele encontra o ritmo.
E, por mais clichê que pareça, preciso dizer: aprender a desfrutar da minha própria companhia foi transformador, sim.
No entanto, confesso que não foi fácil manter esses passeios semanalmente por muito tempo. Se não os priorizo, eles acabam sendo engolidos pelos compromissos do dia a dia. Julia Cameron diz pra encararmos esse passeio como um encontro marcado. É preciso se esforçar (olha só) pra cumprir um date com você mesmo.
"Marque um horário, agende esse “compromisso” com você mesma. Se esperar sobrar tempo na sua agenda para isso, esquece, esse tempo nunca chegará"
Como facilitadora do grupo de leitura O Caminho do Artista, é interessante ver a diversidade dos passeios que as pessoas escolhem.
Já visitei um centro budista, já fui visitar minha faculdade depois de mais de 20 anos de formada, andei a pé sem destino. Fiz uma aula de aquarela (o que foi surpreendentemente revelador e eu conto aqui nesse post). Fui tomar um cappuccino em uma cafeteria, algo que adoro, mas nem me lembrava da última vez que havia priorizado esse simples prazer. Fiz aula de hot yoga, conheci um ateliê de uma artista, fui a exposições.
Esses passeios são verdadeiros guias para mim.
É por meio deles que entendo quais caminhos quero seguir. Através deles eu tenho ideias pra escrever, ideias pra novos projetos.
Esses passeios nutrem minha alma. Eles colocam minhas ideias em fluxo.
São eles que me abrem para inúmeras novas possibilidades, que, por sua vez, trazem ainda mais novidades para minha vida. Ao realizar esses passeios, também me conecto com diversas sincronicidades, que, segundo Julia Cameron, são presentes divinos.
É sobre colocar nossa vida em movimento. Sobre priorizar o deleite. Sobre abrir novas portas. Sobre provar, experienciar, conhecer, encontrar, aprender, desbravar.
Sobre encher nosso poço.
“Para encher o poço pense em magia. Pense em deleite. Diversão. Não trate como obrigação.(…) Faça o que o intriga, explore o que lhe interessa; pense em mistério (…) O mistério nos atrai, nos guia, nos seduz" - Julia Cameron
Você tem levado seu artista para passear? Eu te convido a experimentar esse exercício – ele pode ser revelador.
Se você já leu esse livro e realizou esse exercício, que tal compartilhar aqui alguns passeios ou experiências que fez? Vamos trocar ideias e nos inspirar mutuamente!
Não deixe de ler…
Essa edição lindíssima da newsletter Artemísia da
. Achei que tem tudo a ver com a edição de hoje!!
Grupo de Leitura - O Caminho do Artista
Descubra mais sobre o grupo e como participar. Clique aqui para saber todos os detalhes e preencha o formulário abaixo para ser informado sobre a próxima turma do grupo de leitura do livro O Caminho do Artista.
Formulário de Interesse - Próximo Grupo de Leitura
Como transformei minha paixão por livros em uma verdadeira jornada de crescimento
Se você também está em busca de novos aprendizados, querendo entender mais sobre si mesmo e sobre o mundo ao seu redor, quero te convidar a clicar aqui embaixo.
Que edição linda, Gabi! E que honra ser citada ao final como uma conexão ao tema que você traz! Que honra; muito, muito obrigada!
Eu amo o livro da Julia Cameron. A Artemísia existe por causa dele. Também o li em uma leitura coletiva, o que me trouxe a disciplina necessária e também possibilitou trocas super ricas com outras mulheres. Foi super especial.
Quero agora ler aquele em que ela foca somente na escuta. Fica de sugestão pra, se um dia, você animar facilitar ele também; adoraria participar de um grupo novamente pra navegar pelas tarefas que ela propõe hehehe
É interessante acompanhar a jornada de outras mulheres, e esse Encontro com o Artista é uma atividade aparentemente inofensiva, mas de uma potência, né?
Beijo!
os exercícios desse livro transformaram a minha vida em muitos níveis… esse exercício em específico me fez resgatar o prazer em estar na minha própria companhia, no meu lugar preferido do mundo: a praia 🤎