Eu sou facilitadora do grupo de leitura do livro O Caminho do Artista, e um tema que a Julia Cameron aborda muito no livro é sobre o impacto que os nossos amigos têm no nosso processo criativo.
Sabe aquele momento em que você tá cheio de energia e animado com uma ideia, aí vai contar pra alguém e essa pessoa joga aquele balde de água fria? Às vezes, sem nem perceber, a gente vai correndo contar justamente pra quem a gente já sabe que vai trazer um comentário desanimador. Acabamos buscando inconscientemente a opinião daquela pessoa cética que sempre tem algo para desanimar. A Julia Cameron chama isso de “O Teste”.
E é meio doido pensar nisso, mas às vezes a gente procura esse balde de água fria, porque lá no fundo tá com medo de seguir em frente. Quando a nossa carreira ou projeto começa a engrenar, inconscientemente a gente acaba buscando uma desculpa pra desacelerar. E segundo a Cameron isso é nosso medo de crescer. Medo do que vem depois. E o jeito que a gente faz isso é buscando quem vai nos frear. Muitas vezes, é porque ainda estamos nos acostumando com a ideia de sucesso, de avanço.
O medo de crescer e assumir o nosso potencial criativo nos faz buscar uma válvula de escape, e nada melhor do que ouvir um comentário que nos paralisa.
Mas, se a gente quer de fato avançar, precisamos começar a tomar nossas decisões sozinhos. Precisamos ser também mais estratégicos. E aqui vai uma dica prática que Julia Cameron traz: faça uma lista. De um lado, escreva os nomes dos amigos que sempre o apoiam, aqueles que o incentivam e acolhem suas ideias com entusiasmo. Do outro, escreva os nomes daqueles que jogam um balde de água fria em seus projetos, que são mais céticos. Esses são os amigos que, mesmo que sem maldade, acabam minando a sua confiança e podem até fazer com que você duvide do seu próprio caminho.
E olha, é super importante saber diferenciar uma crítica construtiva de um balde de água fria, né? Às vezes, o amigo tá te dando uma dica que pode melhorar muito o seu projeto, trazendo uma visão que vai te ajudar a ajustar os detalhes. Ele não tá te desmotivando, ele tá te ajudando a crescer. Mas tem aquele amigo mais cético, que não tá querendo o seu mal, mas que, por ser mais desconfiado ou fechado, acaba te desanimando, mesmo sem perceber.
E por que isso é tão importante? Porque, como Julia Cameron nos alerta nos capítulos “Amigos Tóxicos” e “Criadores de Caso”, nossos companheiros de jornada podem fazer toda a diferença entre avançar ou ficar preso em padrões antigos. "Amigos Tóxicos" são aquelas pessoas que ainda estão bloqueadas em suas próprias vidas e, muitas vezes, se sentem ameaçadas pela nossa recuperação criativa. Eles podem não entender o que estamos tentando fazer e, sem querer, acabam nos colocando para baixo, seja com críticas, desdém ou mesmo sugerindo que estamos sendo egoístas por dedicar tempo à nossa criatividade.
O capítulo "Criadores de Caso" aborda outro tipo de pessoa que pode ser igualmente prejudicial: aqueles que vivem no drama constante. São carismáticos, muitas vezes talentosos, mas ao invés de criar algo, preferem gastar energia nos próprios conflitos e desordens. Essas pessoas têm uma habilidade quase magnética de atrair nossa atenção e nos sugar para o caos delas. E, para nós, criativos em recuperação, isso é extremamente perigoso. Porque, ao nos envolvermos com os dramas dessas pessoas, acabamos desviando nosso foco do que realmente importa: nossa criação, nossos projetos, nosso crescimento.
A verdade é que, quando estamos nesse processo de reconectar com nossa criatividade, com a nossa essência, é essencial proteger o nosso espaço criativo e o nosso tempo. Precisamos nos cercar de pessoas que apoiam essa jornada, que nos ajudam a manter o foco e que compreendem o valor do que estamos fazendo. Como Julia Cameron diz, o nosso tempo criativo é sagrado, e precisamos tratá-lo dessa forma, sem permitir que distrações, dramas ou dúvidas alheias nos tirem do caminho.
Portanto, minha reflexão para você hoje é: cuide de quem está ao seu lado. Faça a sua lista. Identifique quem são os aliados e quem são os que, mesmo sem querer, podem desestabilizar seu processo. Sua criatividade e seu desenvolvimento merecem ser nutridos, e para isso, é necessário criar um ambiente que favoreça seu crescimento.
A versão Podcast
Se preferir ouvir ou quiser compartilhar o tema com alguém que não é fã de leitura, basta clicar aqui no podcast TRECHINHOS para Reflexão e escutar o episódio sobre o assunto.
Livros citados:
O Caminho do Artista: Desperte o seu potencial criativo e rompa seus bloqueios
Se você comprar um livro pelo link que envio, eu recebo uma pequena comissão da Amazon. É uma maneira simples de apoiar a minha newsletter, caso algum dos livros que eu compartilhe aqui te interesse.
Grupo de leitura
Se quiser saber mais sobre o grupo de leitura que eu facilito, clique aqui.
Eu tive um sonho
Hoje eu vou contar meu sonho. Prometo que a reflexão do final é boa.
sobre disfarces…
Hoje sonhei que uma amiga estava com o cabelo “feio” e, para escondê-lo, usava uma peruca. Ao lado dela estavam outras amigas e primas, todas também usando perucas, mesmo sem precisarem. Mas estavam visivelmente desconfortáveis, tentando ajeitar um meio para viverem bem com suas perucas.
Até que a mãe de uma delas disse: "Você não precisa de peruca; quem precisa é a Fulana. Se você está confortável com o seu cabelo, não há razão para usar uma peruca também. Há outras maneiras para ela lidar com o desconforto dela sem que você precise se parecer com ela.”
Foi um sonho bobo, mas me peguei pensando nele durante as minhas páginas matinais.
Que “peruca” estou usando para camuflar o incômodo que não é meu?
Que parte de mim estou escondendo pra não deixar alguém desconfortável?
O sonho era bobo. Eu não ia falar sobre ele. Mas as páginas matinais me mostraram quais eram as minhas perucas. E a terapia também.
Um pouco do que ando lendo pelo Substack
Comecei a explorar a plataforma há pouquíssimo tempo, e já me apeguei de um jeito que nem quero mais navegar por outras redes. Se você ainda não deu uma olhada no Substack, recomendo! Tem muita coisa bacana por aqui!
Andrea Me Conta: Toda semana a Andrea manda crônicas do dia-a-dia e pitadas valiosas de marketing. A Andrea é minha amiga de infância, de Jaú! Foi uma grande alegria ver como aquela menina inteligente e dedicada da escola se tornou uma escritora talentosa e sensível.
Letters From Love with Elizabeth Gilbert: Sou fã do trabalho da Liz Gilbert. Ela é famosa pelo best-seller Comer, Rezar, Amar. Nesta newsletter, ela incentiva os leitores a escreverem cartas de amor para si mesmos — um projeto lindo e repleto de inspirações.
Amo News - A Amo News é uma newsletter criada pela Ale Garattoni, escritora e especialista em branding. Ela aborda temas como tendências, leituras, variedades, universo das newsletters, e crônicas pessoais. Estou adorando segui-la no notes também.
Mouranius: Eu adorei os textos do Maicon Moura. São leves, criativos e cheios de ilustrações legais.
Por uma Vida com Sentido - Mal começou e eu já estou indicando a newsletter da Luciana Pianaro... Isso que é confiança! 😊 A Lu liderou a revista Vida Simples por seis anos e anunciou hoje (03/11/24) que não estará mais a frente da newsletter da revista, mas seguirá compartilhando seus textos aqui. Ela aborda temas muito parecidos com os que eu exploro, então não tenho dúvidas de que será uma leitura deliciosa!
Eu amei cada frase. Há 1 ano comentei com um amigo sobre me dedicar à escrita. Eu estava toda empolgada pra compartilhar minhas ideias iniciais e ele só falou: "Ah, que legal...". E depois mudou de conversa sem perguntar nada, literalmente. O balde de água fria veio pela indiferença. Magoou um cadinho, passei uns meses parada e depois comecei a pesquisar sobre newsletter. Achei o substack e tô aqui feliz da vida escrevendo. Quando lancei a 1a edição não falei nada pra ngm, só lancei. E vai ser assim daqui pra frente. Nem todo mundo tá bem consigo mesmo pra ver os outros se desenvolvendo, então às vezes a gente só tem que deixar o outro no canto dele e termos coragem por nós mesmos.
Olha eu aqui!!! Obrigada por me recomendar, Gabi.
Menina, como é difícil passar pelo teste dos amigos. Às vezes a gente não consegue identificar que a crítica do outro tem mais a ver com o outro que com a gente mesmo. Adorei, Gabi. Estou adorando te ler. É um aprendizado constante.