Quando nosso guerreiro descansa
sobre bloqueios criativos, nossa criança interior, armaduras emocionais e encontros verdadeiros.
Eu não era muito fã do termo “criança interior”, mas não tem como negar que ela aponta para algo real: essa parte sensível, espontânea, vulnerável e criativa que vive dentro da gente. Quando comecei a estudar sobre bloqueios criativos, ficou nítido que eu precisava olhar para essa criança.
A maioria dos livros sobre criatividade e autoconhecimento — e, sim, eu realmente não acho que esses dois temas possam ser separados (é justamente dessa união que nasce essa newsletter) — fala sobre a nossa “criança interior”.
É ela que guarda o nosso “eu” mais puro, a nossa essência. E é justamente ali que mora a centelha da nossa criatividade.
É como se essa criança fosse uma memória viva das nossas primeiras formas de sentir o mundo, antes de todas as máscaras, exigências e defesas que fomos criando para sobreviver. Essa “criança” também guarda nossos medos, feridas, memórias e experiências que fomos acumulando ao longo da vida. Ela é como um reflexo dos sentimentos profundos da nossa alma, moldados não só por grandes traumas, mas também pelas pequenas dores do dia a dia — experiências repetidas, ausências, silêncios… Tudo isso vai deixando marcas.
Eu gostei muito de uma metáfora que ouvi no podcast Elefantes da Neblina — ela descreveu tudo isso de um jeito tão certeiro que eu quis compartilhar o que me tocou aqui. Na sessão de dicas, no final desta newsletter, conto mais sobre esse podcast.
É como se dentro de cada um de nós, adultos, vivesse uma criança escondida — como numa caverna. Ao longo da vida, vamos criando maneiras de proteger essa criança e, com o tempo, um guerreiro começa a ocupar a entrada dessa caverna. Aos poucos, ele vai se armando. Está sempre alerta, em posição de defesa, protegendo tudo o que essa criança representa.
A presença desse guerreiro é justamente o que permitiu que essa parte tão sensível de nós sobrevivesse e continuasse até aqui. Foi ele quem nos protegeu, quem nos ajudou a enfrentar os desafios da vida adulta. E por isso, sim, ele é muito importante.
Nas nossas relações, quase sempre é o nosso guerreiro lidando com o guerreiro do outro.
Mesmo numa mesa de bar com amigos, o guerreiro segue atento. É ele quem protege a criança que mora dentro da gente. Baixar a guarda não é fácil — nem no trabalho, nem em reuniões sociais ou rodas de amigos. É ele que nos impede de nos expor em assuntos que ainda doem.
O que me tocou foi quando, no podcast Elefantes da Neblina, eles falaram sobre o que realmente acontece quando estamos em imersões e retiros. Ali conseguimos criar um espaço seguro de acolhimento — um lugar onde a criança pode aparecer sem precisar da proteção constante do guerreiro. E, aos poucos, esse guerreiro consegue se desarmar. É como se ele deixasse a espada de lado, sentasse, respirasse… e fosse relaxando. E quando ele finalmente descansa, algo muito bonito acontece. É aí que a mágica desses encontros aparece.
A nossa criança — aquela parte espontânea, curiosa, sensível e criativa — começa a aparecer. E o mais bonito é que, nesse estado de presença e abertura, ela encontra a criança do outro.
E aí surgem conexões que não passam pela mente, mas pelo coração. É a nossa criança aparecendo e conversando com a criança do outro.
E por isso que esses encontros são tão potentes. Porque nos conectam com algo essencial: a humanidade compartilhada. As dores que todos sentimos, os medos que todos temos, os sonhos que ainda guardamos. Quando uma criança conversa com a outra, o que está em jogo não é status, performance, controle. É afeto, verdade. É encontro.
O que eu vejo nos meus grupos — tanto nos grupos de leitura quanto nas imersões presenciais, sejam as que eu facilito ou das quais participo — é que, quando estamos com outras pessoas que também estão em busca, que também escolheram se desarmar, algo se abre com muito mais facilidade.
Quando a conversa é de criança pra criança — a nossa com a do outro — é, na verdade, uma conversa de alma pra alma. São encontros profundos, potentes, que nos levam a lugares internos que dificilmente acessaríamos sozinhos.
Por isso, eu sinto, lá no fundo da minha alma, que quero organizar cada vez mais esses encontros. Ambientes seguros, bem conduzidos, com respeito, acolhimento e espaço para que cada um possa simplesmente ser.
Antes que eu me esqueça: ainda dá tempo de participar da imersão Arte de Ser!
Tenho muito orgulho dessa experiência e de acompanhar os retornos sinceros sobre como ela provocou reflexões e mudanças. A próxima edição seguirá o mesmo formato e intensidade da anterior.
Resolvi compartilhar com os assinantes da newsletter
No ano passado, me pediram para compartilhar meu método de estudo. Então, decidi trazer essa aula também para os assinantes desta newsletter.
Se trata de uma aula gravada com 1 hora de duração, dividida em 7 partes práticas e fáceis de serem aplicadas que ensina a utilizar os livros como mentores pessoais em suas jornadas de autoconhecimento e desenvolvimento.
Aqui nessa edição eu contei timtim por timtim, vem ler.
Se isso ressoou com você de alguma forma, quero te convidar a clicar aqui embaixo pra ter acesso a aula.
Dicas finais
Comentei sobre eles hoje e também na última edição: o podcast Elefantes na Neblina é uma série de conversas entre três amigos — Larry Go, Larry Be e Larry Snow — que exploram temas profundos sobre o que significa ser humano em tempos complexos e incertos. Esse é o episódio onde falam da criança interior. Recomendo muito!!!!
Outra dica de podcast é o Café com as Emoções, apresentado pela psicóloga e fundadora da Casa da Vida, Luiza Domingues. O programa traz conversas sobre saúde mental com foco no universo feminino, abordando temas como autoconhecimento, emoções e bem-estar. Só vai!
Já conhece o Canal da
no youtube? Eu já acompanho a newsletter dela por aqui (e amo!), mas descobri que ela não só escreve super bem — também arrasa em vídeo! No canal, ela compartilha reflexões, viagens, criatividade e muito mais. Vai lá ver!Newsletters que tenho curtido ler:
Marinando da
Gabi Escreve da
Curiosa da
Desejante da
Estava com essa edição aberta para ler e antes tirei uma carta de um oráculo que tenho que chama Oráculo Voz das Almas e a carta que saiu foi justo a das crianças. Sincronicidades? Temos! Haha
Obrigada por citar a Curiosa Gabi! ❤️❤️❤️
Que coisa mais maravilhosa!! Eu costumo dizer que somos todas crianças feridas disfarçadas de adultos, mas gostei muito da analogia do guerreiro... estou precisando de um retiro para brincar com outras crianças, urgente! Obrigada!!!