Meu primeiro post não poderia ser sobre um tema diferente. Eu venho explorando intensamente o ato de criar e como ele tem relação com a descoberta de quem realmente somos.
Tenho 43 anos e, aos 42, passei por uma grande transformação interna. Uma vontade intensa de viver o que realmente vim viver, de criar o que vim criar. Pode até soar como loucura, mas essa é uma das coisas que tenho percebido: para toda sanidade, é preciso um pouco de loucura. E para todo ato de criação, é preciso uma boa dose de autoconhecimento e exploração interna.
Eu acredito que coincidências são providências do Universo. E, não acho que foi por acaso que eu comecei a ler um livro que estava encostado aqui em casa faz tempo mas que tem tudo a ver com o tema que eu venho estudando, que é a criatividade.
O livro é A Jornada da Herioína, escrito pela Maureen Murdock. Murdorck é conhecida por seu trabalho voltado para a psicologia feminina e o desenvolvimento pessoal. Seu livro, "A Jornada da Heroína", publicado pela primeira vez em 1990, foi uma resposta ao famoso "A Jornada do Herói" de Joseph Campbell. Murdock sentiu que a jornada tradicional do herói não capturava completamente a experiência feminina. Assim, ela desenvolveu um modelo que aborda a jornada e os desafios únicos enfrentados pelas mulheres em busca de reconexão com a própria identidade em direção à autodescoberta.
Murdock descreve um processo onde a mulher se distancia das expectativas externas, enfrenta suas sombras e finalmente retorna a si mesma com uma compreensão renovada de seu poder e potencial.
E para a minha surpresa ela aborda a criatividade como um papel central nesse processo de autodescoberta e transformação. Segundo Murdock, reconectar-se com a própria criatividade é vital para as mulheres.
Desde cedo, muitas mulheres são desencorajadas a seguir caminhos criativos devido às pressões sociais que valorizam a conformidade e a obediência. Murdock argumenta que essa desconexão da criatividade é uma perda significativa, pois a expressão criativa é uma manifestação essencial do eu autêntico. No decorrer da jornada, as mulheres são convidadas a relembrar e redescobrir suas vozes criativas, permitindo-se explorar e expressar suas verdadeiras paixões e talentos.
A criatividade é vista como um poderoso meio de cura emocional e espiritual. Curioso que é exatamente assim que a Julia Cameron aborda a criatividade do Caminho do artista. Murdock explica que, ao se envolverem em atividades criativas, as mulheres podem processar experiências dolorosas, expressar emoções reprimidas e encontrar uma sensação de libertação. Pintar, escrever, dançar, cantar — todas essas formas de expressão ajudam a integrar partes fragmentadas do eu, promovendo a cura e a transformação.
A jornada criativa não é apenas sobre produzir arte, mas sobre o próprio processo de criação. Através da criatividade, as mulheres exploram e integram diferentes aspectos de si mesmas, conduzindo a uma transformação interna. Esse processo envolve enfrentar medos, questionar crenças limitantes e abraçar a autenticidade. A criação artística se torna um espelho da jornada interna, refletindo crescimento e autoconhecimento.
No entanto, Murdock reconhece os inúmeros desafios que as mulheres enfrentam ao tentar se reconectar com sua criatividade. A falta de tempo devido às responsabilidades diárias, a autocrítica intensa e a subestimação de suas próprias capacidades são barreiras comuns.
Murdock também aborda a importância de honrar os ritmos cíclicos da vida das mulheres. Diferentemente da visão linear da jornada do herói, a jornada da heroína é cíclica, refletindo os ciclos naturais do corpo feminino e das fases da vida. Ao sintonizarem-se com esses ritmos, as mulheres podem utilizar períodos de introspecção e renovação para nutrir sua criatividade, permitindo que ela floresça de maneira autêntica e harmoniosa.
Finalmente, Murdock destaca a importância do apoio mútuo na jornada criativa. Compartilhar experiências e trabalhar em colaboração com outras mulheres pode enriquecer o processo criativo, proporcionando inspiração, encorajamento e novas perspectivas. Essa rede de apoio é fundamental para que as mulheres se sintam valorizadas e motivadas a continuar explorando suas capacidades criativas.
Em "A Jornada da Heroína", Maureen Murdock oferece um mapa para a autodescoberta feminina, onde a criatividade é um caminho essencial para a cura e a integração. Reconectar-se com a criatividade é um ato de reivindicação do eu autêntico, permitindo que as mulheres expressem suas verdadeiras essências.
Você já parou pra pensar em como seu processo criativo tem relação com sua autodescoberta?
Se preferir ouvir ou quiser compartilhar o tema com alguém que não é fã de leitura, basta clicar aqui no podcast TRECHINHOS para Reflexão e escutar o episódio sobre o assunto.
Link para compra dos livros que foram citados na newsletter de hoje:
Oi Gabi, comecei no Substack ano passado, postei alguns textos, abandonei a jornada, e hj ao retornar, me deparei com o seu texto falando sobre a Jornada da Heróina. Coincidência ou Providência do Universo? Acredito na segunda hipótese. Seguindo os insights do seu texto vou persistindo por aqui! Parabéns! Bjos
Oi Gabi! Que texto lindo!!!! Sou nova por aqui…. Seu texto me tocou profundamente por estar justamente nesse processo… autodescoberta através da escrita! 😍