Liberdade: Pensava essa ser a chave para prisões.
Eu entro em um quarto. Está escuro. Não vejo nada. Sinto os pelos dos meus braços se arrepiarem. Frio. Olho ao redor, procuro por janelas. Sem janelas.
Dou um passo e a textura do chão abaixo dos meus pés é molhada, terrosa, parece lama. Me puxa para baixo e somado a gravidade, fica quase impossível de me mover.
Ombros contraídos, apertados, espremidos contra o pescoço. Pressão. Os músculos se congelam em tensão. Perco a presença, saio do meu corpo.
Meu foco se afia como os olhos de uma águia. Direciono toda a atenção nas reações da pessoa a minha frente. Scaneio pelas expectativas, expressões faciais, tom de voz, gestos. Farejo por qualquer possibilidade de perigo: “você fez errado”. Sinto o sabor do que o outro quer e faço de tudo para prover isso antes mesmo da pessoa saber que ela queria isso.
Por algumas horas, ás vezes dias, ás vezes meses, vivo como se esse quarto fosse o mundo.
Prisão. Invisível, mas igualmente limitadora.
Prisão em acreditar que preciso me encaixar, que preciso pertencer, matar meus impulsos para permanecer. Para ser amada, ser aceita.
Como seria fazer e falar o que Eu quero sem ter como primeiro pensamento “o que o outro vai pensar e sentir?” Como seria fazer o que eu quero sem justificar, atacar, me defender, manipular, convencer? Como seria não fazer o problema dos outros meus problemas? Como seria não duvidar de mim mesma? Como seria iniciar conversas, fazer perguntas, falar antes de saber, arriscar, propor, criar, experimentar, me aventurar? Como seria mudar de idéia?
Liberdade. Pensava essa ser a chave para sair de prisões.
Mas descobri que ela não abre a porta do Coração.
Autoridade. Experimento como porta para habitar minha casa.
Autoridade é a nossa capacidade de escolher, de improvisar, de estar presente, de perguntar, declarar, criar algo que nunca imaginamos ser possível antes. É o espaço em que novas perguntas podem nascer. Autoridade é algo que só pode ser conferida a você pelo poder de sua própria Autoridade. Ninguém, além de você, pode tirar sua Autoridade de você mesmo.
Autoridade é a coragem, o bom senso, a ousadia, a vontade, a audácia, a ferocidade dentro de você que autoriza seu próprio poder.
Em cada território que recupero minha Autoridade o Mundo se revela. O quarto frio e escuro desaparece. Pela primeira vez faço contato com o que é. Eu escolho.
Você já pediu sobremesa antes do prato principal? Você já comeu com suas mãos em um restaurante chique? Você já fez perguntas que julgava ridículas? Você já mudou uma conversa? Você já iniciou uma conversa? Você já disse algo antes de saber que iria dizer? Você já permitiu o seu corpo escolher o que ele quer comer ao invés da sua mente? Você já se perguntou do que você é feito? Qual é sua minha voz? O que você ama? O que você quer? Em quais territórios você não tem sua autoridade?
EXPERIMENTO
O que você faria com sua Autoridade se você a tivesse?
Respire fundo. Feche seus olhos. Se conecte com o seu centro, com o seu Ser. Repetidas vezes, pergunte a si mesmo: " Se eu tivesse autoridade, eu faria... "
Em seguida, escreva as respostas que vierem, grandes ou pequenas, selvagens ou mundanas, compreensíveis ou além de sua imaginação. Escreva as respostas em detalhes precisos. Escreva por 20 a 30 minutos sem parar.
Faça isso três vezes diferentes, de preferência em três dias diferentes.
Depois enumere cada item que surgiu em resposta a pergunta. Ao final de 3 sessões, tente ter pelo menos trinta coisa sobre o que fazer com sua Autoridade, se você a tivesse.
Escolha três coisas dessa lista. Declare para cada uma dessas coisas “Eu recupero a minha autoridade para…”. Depois comece a agir no mundo a partir disso, e traga os medos que surgirem de estar com essa autoridade para o Clube do Medo.
Com Amor, Gabriela
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