Abrir mão do controle não significa ficar parado
O que aprendi sobre me entregar ao fluxo da vida
Um livro que me fez repensar minha forma de viver foi Entrega Incondicional, do Michael Singer. Nele, o autor compartilha sua decisão de parar de seguir as vontades da própria mente e começar a dizer “sim” ao que a vida trazia, mesmo que fosse inesperado ou desconfortável. Em vez de controlar cada passo, ele passou a observar seus pensamentos, reconhecendo que aquela voz interna — cheia de medos, exigências e desejos — muitas vezes atrapalhava mais do que ajudava.
Singer resolveu fazer um experimento: parar de ouvir essa voz e confiar no fluxo da vida. Continuou agindo quando necessário, mas sem forçar. Deixou que a vida o conduzisse. Foi assim que ele acabou se tornando professor de meditação, criando um centro espiritual e, mais tarde, fundando uma empresa de tecnologia que cresceu exponencialmente — tudo isso sem ter planejado nada disso. Ele apenas permitiu que as coisas acontecessem, dizendo “sim” ao que chegava.
Esse livro me marcou porque sempre fui muito controladora. Gosto de planejar, prever, organizar mas, ao mesmo tempo, sempre houve em mim uma confiança nesse fluxo da vida que ele descrevia. Ainda assim, enquanto o livro me encorajava a confiar mais, algo dentro de mim seguia dizendo: em algum momento, é preciso agir. Porque sim, eu sempre confiei… mas também sempre dei meus passos. A vida não vai fazer tudo sozinha.
Essa dúvida sempre me instigou. Quando é hora de esperar e quando é hora de dar os passos? Eu levava isso para a terapia, tentando explicar o que sentia. Era como se eu estivesse vivendo um processo em que eu precisava fazer a minha parte — me movimentar, tomar decisões — mas também dar espaço para que a vida trouxesse o que fosse dela. Um movimento de vai e vem. De ação e escuta. De escolha e entrega.
E acho que, vivendo isso, finalmente consegui entender o que eu antes não conseguia colocar em palavras.
Eu sempre acreditei na mágica da vida. Nas sincronicidades, nos encontros inesperados, nas coincidências que parecem recados. Mas entendi também que, pra mágica acontecer, era preciso dar os passos com coragem na direção da vida. É como se a vida só revelasse seus segredos quando a gente se move com o coração aberto. E, sinceramente, todas as vezes em que confiei de verdade, a vida me presenteou com coisas que eu jamais teria imaginado. Incríveis, inacreditáveis mesmo. Um dia ainda conto mais sobre isso.
A gente pode dividir o caminho da evolução em duas partes.
A primeira é quando você se reconhece como protagonista e sai do papel de vítima. É aquela fase em que você já não está mais obcecada ou presa ao que aconteceu com você. O que passou, passou. Se você continua apegada ao que ficou no passado, você se mantém estagnada — afinal, não dá para mudar o que já foi. Paramos de nos lamentar.
Quando você muda essa perspectiva e decide agir, assume a responsabilidade pela sua vida. Em vez de focar no que fizeram com você, você começa a fazer algo com o que tem. Esse é um primeiro estágio: o momento em que você dá seus próprios passos e começa a construir a vida com as próprias mãos.
Mas depois disso, vem um segundo momento.
O momento em que você precisa, aos poucos, tirar um pouco desse protagonismo e dar espaço para o que a vida quer te trazer. Porque, no fundo, você também é um canal para muitas coisas que não estão sob seu controle.
Você saiu do papel de vítima, caminhou, fez acontecer — mas agora é hora de permitir que a vida também se mova. Que os presentes venham. Que as sincronicidades apareçam. Que a criação passe por você. E pra isso é preciso estar atento. Saber escutar. Observar o que a vida está te trazendo e estar preparado para receber.
Esse é um outro estágio: o estágio em que as coisas começam a acontecer não apenas a partir de você, mas através de você.
Se você…
✨ sente que precisa de um tempo só seu,
✨ quer repensar o rumo da sua vida pessoal ou profissional,
✨ anda desconectada de quem você é de verdade,
✨ sente que tem algo aí dentro querendo nascer,
✨ deseja viver com mais leveza, presença e verdade,
✨ quer experimentar a arte com colagens de um jeito leve e delicioso…
Então talvez seja a hora de se dar esse presente.
A Arte de Ser é uma imersão para quem quer se escutar de verdade, reconectar com a própria essência e abrir espaço para novos começos.
A próxima edição acontece em menos de um mês — e ainda dá tempo de vir com a gente.
Vem? 💛
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O impulso de controlar é profundamente humano, e suas raízes muitas vezes se afundam em terrenos antigos e sensíveis da nossa psique. Acredito que a grande ilusão do controle reside na crença de que realmente podemos comandar todas as variáveis da complexa e impermanente dança da vida.
Adorei seu texto, aliás, os textos, dei uma maratonada rsrs. Obrigada por compartilhar sua experiência e perspectiva!
Tão difícil abrir mão do controle... Mas acho que a maternidade nos ensina muito sobre isso. A gente solta a mão do filho e ele voa. Por que não nos soltar também? Recolher nossa âncora e deixar o barco flutuar pode nos surpreender.