Como posso encontrar a coragem para seguir uma carreira artística?
sobre hobby, trabalho, carreira e vocação
"Como posso encontrar a coragem para seguir minha paixão pelas artes, mesmo sabendo que isso pode desapontar minha família e trazer incertezas financeiras?"
Essa pergunta foi feita por um jovem paquistanês e que foi respondida no workshop de criatividade que eu fiz com a Elizabeth Gilbert, autora dos best sellers que eu amo Comer, Rezar e Amar e A Grande Magia.
Osmar está em um dilema entre seguir uma vida segura e garantir seu sustento ou arriscar e buscar sua verdadeira paixão pelas artes.
Desde pequeno, ele não se interessava pelo comércio de roupas da família, mas sim pelo lado criativo. Ele escolheu estudar ciência da computação para ter um emprego estável, mas percebeu que a programação não é o que ele quer para sua vida. Seu sonho é trabalhar com arte e teatro, mas sabe que, no Paquistão, isso é visto mais como um luxo do que como uma carreira viável. Agora, ele se pergunta se vale a pena desapontar a família e seguir seu coração, mesmo que o caminho seja mais incerto.
E aqui está a resposta da Gilbert a esse dilema que a maioria dos artistas enfrenta:
“Fazer uma carreira como artista é impossível em quase todos os lugares”, risos.
A resposta de Elizabeth Gilbert pode parecer dura e desencorajadora à primeira vista, mas quem já leu Grande Magia ou acompanha o trabalho dela sabe o quanto Gilbert valoriza a criatividade e o papel transformador que ela pode ter em nossas vidas.
Sua resposta para Osmar começou desmistificando quatro conceitos que, segundo ela, muitas vezes confundimos: hobby, trabalho, carreira e vocação.
Ela explica que entender a diferença entre essas quatro palavras pode nos ajudar a encontrar uma maneira mais leve e feliz de estar no mundo.
Hobby
Elizabeth começa pelo hobby. Um hobby, para ela, é algo que você faz apenas pelo prazer, sem nenhuma obrigação de gerar renda, fama ou reconhecimento. É uma atividade que te traz alegria e permite expressar sua criatividade sem pressão. Ela sugere que podemos manter o amor pelas artes, pela criatividade, mesmo que apenas como um hobby. Isso nos ajuda a sentir que estamos alimentando o nosso lado artístico, sem as cobranças e expectativas que vêm com uma carreira. No nosso dia a dia, hobbies são aqueles pequenos momentos que nos lembram que somos mais do que obrigações e responsabilidades; são aquilo que nos torna mais humanos e menos “máquinas”.
Trabalho
O segundo conceito é o trabalho. Elizabeth explica que todos precisam de um trabalho para garantir a própria subsistência. Ela mesma trabalhou em vários empregos aleatórios enquanto construía sua trajetória como escritora. O trabalho é o que sustenta nossas necessidades no mundo material, e embora ele nem sempre seja a nossa paixão, ele tem o seu valor. As vezes, um trabalho fixo pode ser o alicerce que nos permite explorar a criatividade em outros momentos. Ter um trabalho que não reflita totalmente sua paixão não é um sinal de fracasso, mas uma forma de garantir que estamos cuidando de nós mesmos e cumprindo nossas responsabilidades.
Carreira
Já a carreira é algo diferente: é um trabalho pelo qual temos paixão e estamos dispostos a fazer sacrifícios. Segundo Gilbert, uma carreira merece dedicação, mas somente se ela fizer nosso coração vibrar. Se não gostamos da carreira em que estamos, talvez seja melhor buscar um trabalho que pague as contas e nos permita investir tempo e energia em coisas que nos impulsionam de fato. Ter uma carreira, para ela, só faz sentido se você a ama, caso contrário, é como colocar sua vida em algo que não traz realização real.
Vocação
Finalmente, Elizabeth fala sobre vocação, o conceito mais sagrado de todos. Vocação é o chamado interior, uma voz que nos impulsiona a usar nossos talentos de uma forma que contribua para o mundo. É algo que vem de dentro, independente de reconhecimento ou dinheiro. Para ela, escrever foi sua vocação muito antes de ser um trabalho. Ela escrevia todos os dias por uma necessidade interna, algo que ela fazia para se sentir conectada consigo mesma e com o universo. A vocação, diferentemente de um trabalho ou uma carreira, não pode ser tirada de você. Mesmo se a carreira de escritora acabasse, ela continuaria escrevendo, porque é algo essencial para sua existência.
Essas palavras — hobby, trabalho, carreira e vocação — têm significados totalmente distintos, e entender onde cada uma está na nossa vida pode nos dar mais clareza sobre o que queremos de verdade.
No workshop, fazemos um exercício onde tentamos definir o papel de cada atividade na nossa vida.
Na prática, isso nem sempre é tão simples.
Refletindo sobre a aula e tentando trazer pra minha vida, percebi que sempre enxerguei o trabalho como uma forma de autocuidado. Tive a sorte de escolher algo que gosto e que me traz satisfação, mas ganhar meu dinheiro nesse mundo material não é só uma questão de responsabilidade; é também uma forma de cuidar de mim mesma.
Entendi que a escrita é um hobby pra mim, assim como outras formas de expressão artística. Isso é libertador. Escrevo com cuidado e carinho, mas sem pressão, sem apego, sem preconceitos, sem pretenção do reconhecimento pela escrita em si.
Mas outras coisas que crio, crio por vocação. Acredito que o tema sobre o qual escrevo aqui esteja conectado com essa vocação. Por isso escrevo. Por isso, me comunicar, seja através dessa newsletter ou do meu Podcast é tão importante pra mim!
Acho que o mais bonito aqui é…
Conseguir enxergar a vocação com a importância que ela merece. A vocação é aquilo nos move, nos impulsiona. Mas muitas pessoas acabam esquecendo esse chamado, talvez por confundir a vocação com a carreira ou o trabalho.
Organizar nosso tempo para exercer nossa vocação, independentemente de isso ser nosso sustento ou não, é a grande lição que levo desta aula.
E você, consegue diferenciar hobby, carreira, trabalho e vocação na sua vida? Quero muito saber como vocês lidam com isso. Me conta?
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Gostei muito da resposta de Liz, porque a gente se sente menos pior. É difícil para todo mundo. Hahahaha!
Amo a Liz e esses dois livros me inspiraram muito, tanto para entender os conceitos, quanto para me encontrar nas viagens, ou melhor, "durante" as viagens mundo afora.
Os conceitos me lembraram muito o Ikigai, de Hector García, que tbm faz todo sentido pra mim.